quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

NÃO É FÁCIL, MAS VOCÊ PODE SUPERAR


Dia a dia enfrentamos grandes dificuldades, grandes montanhas que se erguem diante de nossa vista. Temos a escolha de superá-las e mudarmos a paisagem que nos rodeia ou temos a escolha de estacionarmos e lamentarmos nossa sorte. Se continuarmos, o que não é fácil, um dia superaremos. Se estacionarmos, o que é cômodo, jamais superaremos nossos traumas. A escolha é nossa. No dia 7 de maio do longínquo 1824, na fria Viena, um talentoso compositor regia sua primeira execução sinfônica. O auditório estava cheio e a recepção foi entusiástica. Esse homem parecia colocar muita emoção em sua música, de uma maneira apaixonante e heroica. Ao final da execução o auditório rompeu-se em estrondoso aplauso, porém o maestro simplesmente continuou lá, de costas para a platéia, tranquilamente virando as páginas de sua partitura. Finalmente, uma cantora no palco teve que puxa-lo pela manga e apontar-lhe a platéia. Foi somente então que Ludwig Beethoven, completamente surdo, virou-se e curvou-se graciosamente. Ele não podia ouvir nada dos aplausos. Ele não podia ouvir nenhuma nota do que estava regendo. Mas toda a sinfonia estava lá, em sua cabeça, e ele lhe dava uma dramática e gloriosa expressão. Beethoven tinha boas razões para apreciar aquela noite inesquecível. De certa forma ele compôs contra seu passado, transformando feiura e desapontamento em algo bonito. Talvez ele se lembrasse de uma cena de anos atrás, quando ainda era um garotinho e, meia-noite, em profundo sono, foi acordado por seu pai bêbado aos tapas. O pai exigiu que ele tocasse piano para seu convidado. E então, de bom grado e limpando as lágrimas da face, o garoto foi até ao piano e começou a tocar - por horas. O pai de Ludwig era áspero e cruel com seu filho. Alguns acreditam que a surdez de Beethoven pode ser o resultado, pelo menos em parte, do abuso que ele recebeu quando criança. Então, havia muita raiva e ressentimento dentro deste talentoso indivíduo enquanto ele crescia. Mas felizmente ele encontrou uma forma de expressa-los positivamente. Ele superou a prisão de sua surdez. A música de Beethoven não é apenas doçura e leveza. É também, clamor e anseio. Mas ele expressou o mais profundo do seu íntimo; transformou tudo isto num dom, um dom que emocionou profundamente aquela platéia em Viena e ainda emociona todo mundo hoje. Beethoven resolveu continuar caminhando. Não esmoreceu diante dos altos montes das dificuldades. Lutou para mudar a paisagem de sua estrada e conseguiu.
Percebo que o primeiro passo para vencer é abrir o coração ao invés de se fechar firmemente ao redor do ferimento. Às vezes, em lugar de tentar enterrar as cicatrizes, tentamos manobrar para que outros as assumam. É claro que temos a quem culpar na maioria das cicatrizes do passado. Mas freqüentemente eles já estão fora de cena.
Geralmente culpamos o outro pelos nossos sentimentos, ao invés de assumir a responsabilidade por eles.
A melhor solução, aquela que liberta-nos de fato de nossos algozes do passado se chama perdão. Só com ele superaremos. Agora, perdão é uma palavra muito difícil para as pessoas que têm sido abusadas e traumatizadas por alguém. Elas estão muito feridas, e o ofensor raramente está arrependido. Como perdoar alguém que arruinou toda a sua vida?
Bem, de fato, o ato de perdoar é um importante passo em evitar que esta pessoa, arruíne o resto de sua vida. A lembrança do abuso continua perseguindo porque você tem alimentado isto com muita raiva e amargura através dos anos. Só a raiva parece fazer sentido quando você sofre abuso. Na realidade, ela é uma reação apropriada ao abuso. Desabafar sobre a dor do passado é saudável. Mas, algum dia, teremos que assumir a responsabilidade sobre como continuaremos a reagir aos traumas do passado. Vamos ficar continuamente remoendo isto, ou vamos transformar este passado negativo em algo mais positivo? Você não é responsável pelo mal que lhe fizeram. Não, não é. Porém, você é responsável pelo modo como reage a esse mal. Então, precisamos expressar a Deus perdão para o ofensor. Perdão não significa dizer que o ofensor agiu certo. Não significa justificar as ações dele ou dela. O que o perdão significa é isto: libertar o indivíduo da nossa condenação. Decidimos que não iremos mais carregar um fardo de ressentimento e condenação por toda parte. Vamos entregá-lo a Deus.
Como podemos perdoar o ofensor? Somente expressando o perdão que Deus nos dá pregado na cruz orando: "Pai, perdoa-lhe, porque não sabem o que fazem".
O perdão nos liberta do fardo da condenação. Entregamos o ofensor nas mãos de Deus. Impedimos que o ofensor destrua o resto de nossa vida. E somente o perdão pode nos libertar de um passado doloroso. É muito melhor ter alguma coisa para dar, do que algo negativo a que se apegar. Só existe somente uma maneira de nos livrarmos dessas velhas, dolorosas marcas e cicatrizes: desfazendo-nos delas. Não podemos nos esconder de um passado doloroso; não podemos negar um passado doloroso. Não podemos manipular os outros para assumi-lo. Mas podemos nos desfazer dele.
E só Jesus pode fazer com que você supere, deixando o que precisa ser deixado pra trás. Deixe-o começar a trabalhar em sua vida agora mesmo. Abra o coração para ele. Abra todos os cantos escuros; todos os segredos do passado. Seu infortúnio está seguro com ele. Leve-os a ele agora mesmo, aos pés da cruz. Não é fácil, mas você irá superar...

Arnildo Klumb
Pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil em Campo Mourão
(pastor Arnildo trabalha com aconselhamento na área familiar e espiritual. Fone: (44) 99481099).